terça-feira, 24 de setembro de 2013



TEXTO ALUSIVO AO MEMORIAL DOS COMBATENTES DE AVINTES
INAUGURADO A 14/09/2013

Arqt.º OCTÁVIO ALVES

1
COMBATE CONCEPTUAL

Constitui tarefa extremamente difícil, tornar visível para todos, através de matéria palpável, assuntos do foro do coração e da alma, a que se deve guardar o máximo respeito.

A frase que sintetiza a verdade dos factos ocorridos além-mar, apela a que se aprenda a estar de pés bem assentes em terra, a ouvir o eco do silêncio que surge, aquando da sua pronunciação:

“OS QUE TOMBARAM, DEIXARAM EM ABERTO, UM VAZIO”…

2
MURO DA VIDA

Constroem-se e desconstroem-se ideias, ao longo do tempo.


Edifica-se o próprio tempo, na efetivação das ideias, como aquela a que simbolicamente este memorial nos fixa…
utilizando a métrica perfeita (em comprimento, largura e altura), a que juntamos a profundidade da Arte, a que pertencem as coisas simples, puras e verdadeiras, com essências libertadoras.

O MURO DA VIDA foi tomado de assalto, antes do tempo.
Levaram partes que continuam a fazer muita falta
e toda a diferença, apesar da aparente igualdade
e criaram vazios de alma, para toda a vida.

Ao muro chegam lamentos legítimos, de todos os lados afetados pelas perdas, a questionarem o outro lado das coisas.

No limite da resistência e possibilidades da matéria, mantem-se o MISTÉRIO da sustentabilidade da vida, carregada de tensões.

3
VAZIOS DE ALMA

O que se avista a partir de cada VÃO RASGADO, é o rasgo que a visão do passado ocultou, mas que abrirá necessariamente outras janelas ao futuro.
Importa que o VÃO CRIADO, não tenha sido em vão, no território que
pontualmente ocupamos
na dimensão que temos e damos à vida
ao espaço e ao tempo que precisamos
na caminhada da identificação de fronteiras do Ser.

O aparente negativo, se transforma em verdadeira revelação de brilho e positivismo, apropriando-se de silhuetas de luz que projetarão planos de destaque, vencendo a própria noite seguindo o exemplo das estrelas.

4
O QUE TOMBA

O que tomba, não é forma geométrica de natureza morta, mas a forma viva de elevar a memória a níveis de ver, todas as faces ocultas pela matéria.

Formas tombadas, em posições que circunstâncias de guerra ditaram, (mas que urge saber tirar ilações e fazer a redação correta, sem cópias, nem erros futuros), para a aprendizagem com os tempos ser aprovada com nota máxima, em valores acrescentados.

O número de baixas, tornam-se altas tomadas de consciência.

O alinho dos tempos, desenvolverá outras inclinações.
A inclinação dos tempos, desenvolverá outros alinhos…
entre as geometrias variáveis do homem e da matéria, ao nível da terra e a verticalidade, pressentida no alto dos Céus.

5
ASSOCIAÇÃO COMBATENTES AVINTES

Fácil se tornou o combate pela vitória da ideia, sem cosmética, deste memorial,
com uma frente de luta a guardar as costas e a honra,
com a paz da consciência de estar de bem
com a consciência de estar,
tornando bem vincada, a presença dos que partiram.

Foram estes homens, da Associação de Combatentes de Avintes, os verdadeiros atores, no teatro de operações de guerra,
e os verdadeiros autores do monumento de paz a esses momentos,
por saberem estar de pé, como estão os ciprestes:

   . autênticos guardiões dos tempos
   . sentinelas da passagem de testemunhos,
     do conhecido para o desconhecido,
     do que fica para além de nós, de qualquer muro ou fronteira.

Digna postura de quem responde à guerra,
reconciliando-se com o passado, em espírito de paz,
erguendo obra e fazendo justiça pelas próprias mãos,
estando aqui (e assim), de consciência tranquila.

Sempre presente o espírito de combate de causas de quem não esquece o camarada e lembra todos os da terra.

6
FUTUROS COMBATES

Emboscadas íntimas, estão na ordem do dia
dos combates do agora
rumo à independência da consciência,
para se alcançar a verdadeira paz de espírito.

Importa que:
nos saibamos erguer… com a queda
                preencher… o vazio
               reconstruir… o muro perfeito
             permanecer… de sentinela
                  defender… o território da justiça
                   marchar… rumo à paz da consciência
           compreender… o chão que pisamos, em igualdade
                                    de circunstâncias, para todos
                  respeitar… os três lados do triângulo
                                    que delimita o espaço de intervenção
                                    que é exatamente o número 3, número da Criação…
pelo que:
corre sérios riscos quem segue demasiado à risca
a regra da régua e do esquadro, na geometria do pensamento,
que se pretende livre, aquém e além–mar,
para que se possam içar bandeiras brancas a toda a hora, em qualquer lugar, dignificando a condição humana.


7
AGRADECIMENTO

Sinto-me muito agradecido a todos
com especial relevo a quem me desafiou a estar neste campo de batalha…

Rendo-me… ao respeito… que todos vocês (me) merecem.

                                                               OCTÁVIO ALVES (Arqt.)
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Inauguração no passado 14 de Setembro de 2013 do Monumento aos Combatentes de Avintes. 

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